37. 7 Coisas que eu aprendi na marra (e que você também deveria saber)
Nem tudo que te fortalece vem com abraço. Algumas verdades chegam como queda. E ainda assim, curam
Sempre que vejo aquela frase nos posts virais, penso que é fácil dizer “faça terapia”, “seja seu próprio chefe” ou “coma orgânico” quando você tem rede de apoio, dinheiro e tempo. E não, isso não é julgamento. É só um lembrete de que alguém precisa falar sobre as coisas que eu gostaria de ter escutado antes de viver.
Então aqui vai. Uma coletânea de lições que eu não aprendi em livro nenhum, nem em palestra motivacional. Aprendi no corpo. Na alma. Na marra.
Espero que você leia com o coração aberto, porque o que está aqui atravessa todas as áreas da minha vida. E talvez atravesse a sua também.
1. Colega de trabalho não é amigo. Aceita que dói menos.
Quando a gente entra no mercado de trabalho, geralmente jovem, cheio de energia, querendo acertar, é muito fácil confundir convivência com amizade. A gente almoça junto, ri, troca confidências e jura que encontrou um amigo pra vida. Mas, com o tempo (e algumas decepções depois), você entende: uma coisa é a pessoa estar do seu lado na mesa do escritório, outra é estar do seu lado quando tudo desaba.
Existe uma linha muito clara, embora quase invisível, entre parceria profissional e vínculo emocional verdadeiro. E ela só se revela quando as coisas complicam: quando surge uma promoção, um conflito, uma demissão. A amizade, se é real, resiste. Mas, na maioria das vezes, o que havia ali era apenas cordialidade conveniente. Não se trata de frieza. Trata-se de não romantizar espaços que são, essencialmente, hierárquicos e competitivos. Colega é colega.
2. As pessoas querem crescer tanto quanto você - e às vezes isso significa te atropelar.
Existe um ideal romântico em torno da colaboração, mas a realidade é que nem todo mundo joga limpo. Enquanto você acredita que o esforço coletivo vai levar todo mundo junto, tem gente disfarçando ambição com simpatia. Te elogia, te escuta, te abraça e te sabota nas entrelinhas. Porque o mundo é competitivo, sim. E fingir que não é só te deixa mais vulnerável.
O problema não é o outro querer crescer. É você não perceber que, em certos ambientes, só sobrevive quem aprende a se proteger: emocional e energeticamente. Isso não quer dizer ser frio, mas significa parar de ser ingênuo. Você pode ser bom, mas não pode ser bobo.
3. Ninguém sabe o que está fazendo de verdade - nem você, nem seus pais, nem ninguém.
A ideia de que a vida adulta vem com um manual é uma das maiores mentiras já vendidas. A gente cresce achando que, um dia, vai acordar e saber como agir, como amar, como escolher. Mas a verdade é que a maior parte dos adultos está tão perdida quanto você. Eles só aprenderam a disfarçar melhor.
Seus pais erraram. Seus professores erram. Seus líderes erram. Todo mundo está fazendo o melhor que consegue com o nível de consciência, dor e ferramentas que tem. Quando essa ficha cai, o peso nos ombros diminui. Porque você para de se cobrar perfeição e começa a compreender que viver é, em grande parte, um processo de tentativa, susto, tropeço e aprendizado.
A vida não vem pronta. Ela vem crua. E cabe a você temperar.
4. Comer saudável não significa se torturar. Você não é uma máquina.
Existe uma romantização da disciplina alimentar que, na prática, é só outra forma de controle disfarçada de cuidado. A ideia de que autocuidado é sinônimo de restrição total “sem doce, sem pão, sem vinho, sem prazer” é, no mínimo, questionável. Porque o corpo não é um inimigo a ser domado. Ele é um espaço sagrado, que merece amor, presença e afeto.
Sim, alimentação importa. Mas saúde emocional também. Alegria também. Vínculo também. E se você se vê negando todo prazer em nome de um ideal de corpo, talvez o problema não seja a comida, seja o ódio silencioso que você sente por si mesma.
Se alimentar bem é incluir. Incluir o afeto. Incluir o que nutre a alma. E, sim, às vezes isso é um brigadeiro com quem você ama, numa sexta à noite.
5. Às vezes, tudo o que você precisa é silêncio, sol e um pouco de tédio.
Pode parecer papo “good vibes”, mas me escuta: o corpo humano precisa de natureza. Precisa de luz. Precisa de pausa. A gente se acostumou a viver cercado de barulho, de tela, de urgência e esqueceu que, dentro da gente, ainda pulsa uma biologia que funciona em ritmo de floresta.
Não é normal viver cansada, confusa, angustiada. Isso pode ser só falta de vitamina, de descanso, de presença. Experimenta ficar 10 minutos olhando pro céu. Experimenta colocar o pé na terra. Experimenta ouvir o próprio pensamento sem precisar responder a ele.
O silêncio não é vazio. Ele é espaço fértil. É nele que você escuta o que o barulho da rotina tem abafado. E o tédio, aquele que você foge a todo custo, pode ser exatamente o portal que vai te mostrar o que está faltando. Ou o que está demais.
6. Estudar filosofia é um ato de resistência e um jeito de responder perguntas que você ainda não tem coragem de fazer.
Por mais estranho que pareça, muitas das crises que você enfrenta hoje já foram vividas por outras pessoas, em outros tempos, com outras roupas, mas com a mesma alma inquieta. A filosofia é a arte de perguntar e de sustentar o desconforto dessas perguntas.
Quando você mergulha nesse campo, percebe que suas dúvidas têm história. Suas angústias têm nome. E que viver é, em grande parte, aprender a dançar com a incerteza, sem precisar sufocá-la com respostas rápidas.
Estudar filosofia não é sobre se sentir mais inteligente. É sobre se sentir mais humano. E, sobretudo, menos sozinho.
7. Em toda relação quebrada, existe um duelo de egos.
A gente diz que quer amar, mas o que realmente quer é ser amado do nosso jeito. Quer ser desejado, respeitado, elogiado, acolhido sem precisar abrir mão do controle. Sem precisar ver a sombra do outro. Sem precisar ceder.
O problema é que relacionamentos reais não sobrevivem nessa lógica. Porque amar não é só gostar do que o outro tem de bonito. É olhar para o que incomoda e decidir: “mesmo assim, eu fico”. Ou, pelo menos, “eu vejo isso com humanidade”.
O ego é o veneno invisível que corrói os vínculos. Ele quer ter razão, quer vencer a discussão, quer manter a pose. Mas amar exige outro tipo de força: a de se despir. De se ver. De abrir mão do jogo de poder e entrar no jogo da entrega.
Antes de se perguntar “por que essa relação não funciona?”, talvez valha se perguntar: o que eu estou defendendo aqui, meu coração ou meu ego?
QUERIDAS ESTRELAS
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